Doutor Miguel Vieira Ferreira

Abolicionista - Republicano - Escritor - Militar - Educador - Fundador da Igreja Evangélica Brasileira.

180º aniversário do seu nascimento

Em 10 de dezembro de 1837 nascia à Fonte das Pedras, em São Luís do Maranhão, uma criança, predestinada a ser na Terra elemento de vida, manancial de graças, fonte infinita de bênçãos, irradiação perfeita do bem!

Crescendo, adquiriu em sólida e aprimorada educação, baseada em profundos conhecimentos seculares, o preparo preciso para o desempenho de sua delicada e sublime missão!

Tornou-se homem e, nesse homem, vimos surgir a figura inconfundível do Doutor Miguel Vieira Ferreira, ilustre entre os mais ilustres de seus pares!

Patriota ardentíssimo, propugnou sempre pelo estabelecimento, no país, dos ideais mais alevantados, convindo salientar ter sido ele o pioneiro na educação e instrução ministradas ao sexo feminino em nosso meio social.

Republicano de coração, cooperou com extrema eficácia para que se implantasse no Brasil, o regime democrático.

Militar brioso, pois foi oficial de engenheiros, atuou em sua classe como elemento operoso, amante de uma disciplina rígida e severa. Escritor de grande envergadura, tratou de múltiplos assuntos, abordando as mais complexas e transcendentes questões de caráter científico, político e social. Homem de ação, dirigiu indústrias, fundou escolas, organizou bancos, coisas essas todas referidas no importante Dicionário Histórico e Geográfico da Província do Maranhão pelo Dr. César Augusto Marques. Político, fundou o primeiro clube republicano no Brasil, em 1870; foi um dos cinco primeiros redatores da folha "A República"; presidiu o quinto distrito republicano e assinou o célebre manifesto de 70, o que poderá ser conhecido com mais amplitude pela leitura do Álbum de Portugueses e Brasileiros Eminentes, fascículo XVII, sendo que Joaquim Nabuco sobre ele também escreveu em 1895 pelas colunas do "Jornal do Comércio".

Abnegado em extremo, pediu demissão do Exército e, mais à vontade, tudo fez pelo desejo exclusivo de ser útil a outrem, de servir de coração à sua querida pátria!

Um dia, porém, com surpresa para muitos, transmudou-se o grande homem, segundo o século, no fiel Servo de Deus: - Miguel !

Seu falar meigo e suave, concitando os homens a buscar a salvação em Jesus, o Mestre Amado, induzindo os que não conheciam Deus a confiadamente procurá-lo, demonstrou à sociedade que sua maravilhosa conversão, descrita em minudência no " Centenary Memorial of the planting and growth of Presbyterianism in Western Pensylvania and parts adjacent. Held in Pittsburg. Dec. 7-9-1875. Appendixes to religious history: God’ Power upon the soul" ia torná-lo capaz de realizar, entre os homens, sua missão celestial.

Assim, todos quantos dele vindo a aproximar-se, tiveram a dita de enxergar a radiante auréola de luz clara e pura que circundava a majestade de sua cabeça gloriosa, foram beneficiados pelos eflúvios do amor divino que dele irradiavam.

Guerra sem tréguas lhe foi então movida por uma multidão de inconscientes! Lutou, porém, sempre e bravamente, aquele que, tendo apenas sabido desejar o bem, nunca poderia supor o coração do homem capaz de repelir suas palavras de sabedoria e bondade! E, pregando sem desfalecimentos, a verdade, fundou em 1879, por ordem do Senhor, a Igreja Evangélica Brasileira, onde sua palavra, sopro de vida partido dos Céus, ressoa sempre, despertando no coração daqueles que a ouvem o desejo ardente de servir a Deus da forma e pelo modo por que o Excelso deve ser sempre servido! Recolhido, finalmente, à mansão dos justos, em 95, goza, hoje, Miguel junto de seu bendito Salvador, a bem-aventurança eterna! Mas, para o Povo do Senhor, Miguel é visto ainda na Terra, porque Miguel permanece nos que, escutando sua palavra santa, guardam seu ensino, assimilando a doutrina por ele pregada! Esses, iluminados pela luz divina, podem, enxergando através do que é material e físico, aperceber-se da grandiosidade da obra que o Excelso realiza neste planeta por intermédio de sua Igreja. Para eles a individualidade de Miguel como que tem importância relativamente secundária, pois o que em sua personalidade majestosa focalizam é a graça do Deus vivo manifestada em bem de suas criaturas humanas nos dias que transcorrem.

Em Miguel refulge a claridade diáfana da luz celestial, que permite aos que são bem intencionados ver aquilo que os olhos da carne não podem divisar, mas que realmente existe e precisa tornar-se conhecido por todos quantos desejam alcançar a salvação eterna: mas, que também ofusca, por seu intensíssimo brilhar, a visão dos que, deixando em plano inferior o que advém de Deus, buscam no que é material, a felicidade tão falaz que caracteriza tudo quanto, por ser temporal, é essencialmente mundano.

Glória, honra, e louvor sejam, pois, dados a DEUS, o PAI, e a seu bendito FILHO, pela graça e bênção que em MIGUEL foram conferidas aos servos do Altíssimo aqui na Terra. Amém.


Publicações do Doutor Miguel

  • “Da tribuna, embora pregando no deserto no meio de tão grande cidade, já me ouve, esclarecido pela verdade, um pequeno, firme e dedicado rebanho, desconhecido na terra, ultrajado, vilipendiado, perseguido e oprimido pelos cegos e mal intencionados, mas do qual há de provir grande bem ao nosso próximo.”

    O Cristo no Júri – pág. 242. Edição de 1957.
  • “Sejamos severos conosco e tolerantes com o nosso próximo; não façamos à outrem o que não desejaríamos que nos fosse feito a nós: eis o ensino do divino Mestre, eis também o que ensinamos. Por isso tudo toleramos sempre, lamentando apenas o atraso do país e a fraqueza dos homens; e convencendo-nos cada vez mais da necessidade do nosso esforço.”

    Discurso proferido no Clube Militar em 1890.
  • “Não pretendo emprego, não ambiciono riqueza nem posição social alguma; ambiciono ardentemente ser útil; e tem sido esta a única ambição de toda a minha vida; é meu dever ser útil. Esta é a obra duradoura que devemos fazer. Sei remir o escasso tempo, tenho-o todo ocupado: o meu descanso é a mudança de trabalho; mas tenho diante de mim a posteridade a qual me devo, e trago diante de meus olhos a imortalidade que principia neste mundo. O meu quinhão não depende dos homens; eu sou de Deus e por isso mesmo sou da humanidade. Devo glorificar a Deus, mas é glória de Deus o fazer bem às suas criaturas.”

    Discurso proferido no Clube Militar em 1890.
  • “Deus, que sempre do próprio mal tira o bem, me dará forças para a luta. Lutar pela justiça e pela verdade já tem sido uma grande obra da minha vida. Espero n’Ele que pelo meu esforço, os que vierem depois de mim encontrarão o caminho plano para segui-lo. É preciso abater os montes e aterrar os vales não para fazer uma estrada de ferro mundana, mas para preparar os caminhos ao Senhor. Os altos e os baixos e as sinuosidades tudo há de desaparecer para que fique um caminho sem tropeços e uma linha reta, porque assim é o caminho de Deus. Dê-se luz ao povo. Destruam-se os ídolos. Plante-se a principal das liberdades, a Liberdade de consciência, fonte de que se derivam como corolários todas as outras, a religiosa, de cultos, de imprensa, de tribuna, de indústria, etc. Haja verdade nos corações. Venha a liberdade, a igualdade e fraternidade; a verdade, a justiça e a caridade.”

    O Cristo no Júri – pág. 242/243. Edição de 1957.
  • “Não pretendo emprego, não ambiciono riqueza nem posição social alguma; ambiciono ardentemente ser útil; e tem sido esta a única ambição de toda a minha vida; é meu dever ser útil. Esta é a obra duradoura que devemos fazer. Sei remir o escasso tempo, tenho-o todo ocupado: o meu descanso é a mudança de trabalho; mas tenho diante de mim a posteridade a qual me devo, e trago diante de meus olhos a imortalidade que principia neste mundo. O meu quinhão não depende dos homens; eu sou de Deus e por isso mesmo sou da humanidade. Devo glorificar a Deus, mas é glória de Deus o fazer bem às suas criaturas.”

    Discurso proferido no Clube Militar em 1890.
  • “É preciso crer, conhecer e compreender a obra da salvação. – A verdade! A verdade! Fale-se a verdade! Ranja embora com os dentes e esbraveja o pai da mentira. Rasgue-se o véu. Desprendam, libertem as suas próprias consciências até aqui escravizadas. Destrua-se de uma vez a hipocrisia; cada um diga o que pensa e o que sente, não diga uma coisa por outra. Diga, certo, e pratique o que houver dito: mas se estiver errado, se for ignorante, não se acobarde, busque aprender. Quem não sabe é justamente quem mais precisa de ensino. Perca-se o hábito de pensar e sentir uma coisa e dizer outra. A pressão moral é muito forte, mas a verdade é ainda mais forte quando penetra num coração justo. Não haja medo do Riso e da Mentira. Fiquemos embora sós, mas quem está com a Verdade e a Justiça pode realmente dizer: “Deixaram-me só, mas eu não estou só, porque o Pai está comigo” (S. João 16:32). “Só com Deus!...” – Sublime palavra é esta!” ”

    Discurso proferido no Clube Militar em 1890.